Goianésia – Só nos cinco primeiros meses de 2023, o Grupo Especializado no Atendimento às Vítimas de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância da Polícia Civil de Goiás (PCGO) abriu 140 inquéritos para investigar denúncias de crimes de intolerância. Desses, 60% são crimes de racismo e 40% de homofobia. No ano passado foram 242 inquéritos abertos.
Gustavo Nogueira, presidente da Comissão Especial de Promoção da Igualdade Racial da OAB-GO alerta a população sobre a conscientização e destaca que essas condutas devem ser evitadas para que não estimulem preconceito.
"O racismo recreativo que é esse racismo que as pessoas colocam apelido ou criam algumas situações, tem que acabar, porque ofende não só a pessoa, mas uma coletividade de pessoas. É entender, primeiro, que o racismo ele existe, é real, é contemporâneo à nossa sociedade, mas que a gente pode através do estudo, do conhecimento e também da punição, combater e diminuir esse tipo de ato que é tão deplorável", explica.
Atribui-se o crescimento das denúncias ao empoderamento das vítimas. Esse tipo de crime é mais falados na mídia e houveram mudanças nas leis penais sobre esses delitos, o que traz mais segurança para as vítimas no momento de fazer uma denúncia. Muitas pessoas já passaram por situações constrangedoras devido à cor da pele, inclusive no local de trabalho, como é o caso de Katiele Gonçalves.
"Uma moça estava bebendo um refrigerante e tinha caído uma mosca dentro da taça dela e ela pediu pra eu retirar e trazer uma nova. Foi o que eu fiz. Só que eu não sabia que a dona do estabelecimento do local do evento estaria ali na cozinha. Entrei na cozinha. Lavei a taça e pedi algo que eu poderia secar a taça. Ninguém respondeu na hora. Repeti a pergunta, se alguém poderia me dar algo que eu pudesse enxugar a taça. Simplesmente uma pessoa jogou um pano sujo em mim e falou bem assim 'esse serve pra você'. Ela disse que era a dona do local, e às vezes você nem repara que você está passando por uma situação de racismo", relata.
Vale ressaltar que Goiás é um dos 10 Estados brasileiros que possui uma delegacia dedicada ao combate de crimes de intolerância e mesmo assim apresenta altos índices de denúncias, o que levanta a importância do debate e combate ao crime do racismo para evitar crimes consequentes como o homicídio motivado por ódio e intolerância.
