Medo das mudanças climáticas provoca sintomas físicos e emocionais, atingindo principalmente jovens, povos indígenas e comunidades vulneráveis

 

Goianésia - A preocupação com o futuro do planeta vai além do meio ambiente e tem impactos diretos na saúde mental. Um fenômeno chamado ecoansiedade, ou ansiedade climática, vem se tornando cada vez mais comum no mundo inteiro, marcado pelo medo constante das consequências das mudanças climáticas, como secas, enchentes e desastres naturais.

A psiquiatra Taeme Miranda explica que a ecoansiedade pode se manifestar de formas variadas. “Os sintomas físicos são semelhantes aos de qualquer transtorno de ansiedade: tensão muscular, dor de cabeça, fadiga, problemas de sono, palpitação e sudorese. Já os sintomas emocionais incluem ansiedade intensa e medo em relação às mudanças climáticas e ao futuro do planeta, que é central nesse quadro”, detalha.

Segundo dados da Associação Americana de Psicologia, a exposição a eventos climáticos extremos pode aumentar em até 50% o risco de desenvolver transtornos mentais. Em regiões atingidas por secas prolongadas, é comum que as pessoas sintam impotência, desesperança e desconforto físico, intensificando o sofrimento psicológico.

Alguns grupos sociais estão mais vulneráveis à ecoansiedade. “Jovens nativos digitais estão constantemente expostos a conteúdos alarmantes. Povos indígenas e comunidades tradicionais também sofrem impactos, assim como a população negra, que frequentemente vive em áreas mais suscetíveis a eventos climáticos extremos devido ao racismo estrutural”, destaca a especialista.

Para lidar com a angústia causada pela crise climática, os especialistas recomendam buscar apoio psicológico, reduzir a exposição a notícias alarmantes, adotar práticas sustentáveis no dia a dia e fortalecer redes de apoio com amigos, familiares e comunidade. Essas ações ajudam a transformar o medo em mobilização positiva e cuidado tanto com o planeta quanto com a saúde mental.