Cerca de R$ 621 milhões em recursos foram bloqueados pelo Governo Federal

Goianésia – A Universidade Federal de Goiás (UFG), a Universidade Federal de Catalão (UFCat) e a Universidade Federal de Jataí (UFJ) podem não conseguir concluir as atividades do calendário letivo após cortes orçamentários implementados no mês passado, alerta o Sindicato dos Docentes das Universidades Federais de Goiás (Adufg-Sindicato). O bloqueio de recursos por parte do Ministério da Educação (MEC) é de cerca de R$ 621 milhões. Dados do painel da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) revelaram que 88% das universidades federais tiveram prejuízos milionários após a decisão.

O montante é o equivalente a 7,2% de todo o orçamento previsto na Lei Orçamentária Anual deste ano, que segundo os reitores das universidades federais localizadas em Goiás afetarão, sobretudo, o investimento em pesquisas, conclusão do planejamento anual e os programas de assistência estudantil.

Na Universidade Federal de Goiás (UFG), o impacto dessa medida significa a perda de R$ 7,5 milhões no orçamento que, antes do corte, já era insuficiente para custear o funcionamento da instituição. Em reportagem veiculada no site oficial da universidade, o pró-reitor de Administração e Finanças da UFG, Robson Maia Geraldine, explica que o valor referente a esse ano, sem o bloqueio, é equivalente ao orçamento de 2020, que já havia sofrido cortes nos anos anteriores.

“Nós estamos falando de dois anos atrás, com um impacto inflacionário de mais de 15%, considerando o IPCA, o que já é uma perda considerável. No mínimo esperávamos que o nosso orçamento fosse corrigido de acordo com a inflação. Por exemplo, uma aula prática realizada por meio de viagem de ônibus custa hoje muito mais do que custaria há dois anos, por causa da alta no preço dos combustíveis”, pontua.

O cenário também é preocupante na UFCat. De acordo com a reitora, professora Roselma Lucchese, os recursos que a instituição recebe já são estão defasados há quatro anos, uma vez que o valor destinado é o mesmo de quando a universidade era regional da UFG. A reitora pontua que duas áreas sofrerão mais com os cortes orçamentários: a não conclusão do planejamento anual da instituição e a falta de recursos para a manutenção dos programas de ações afirmativas e permanência dos estudantes em situação de vulnerabilidade social.

“Esse colapso significa não executar o que foi planejado. Até hoje, a UFCat não obteve a liberação para concursos de novos servidores, funcionamos com o mesmo número desde que éramos regional. Em contrapartida, investimos em mão de obra terceirizada, o que leva o uso de 60% dos nossos recursos para a manutenção de pessoal e da estrutura administrativa”, explica.

A redução de 7,2% no repasse de recursos representa um mês de funcionamento da UFJ, segundo a vice-reitora, professora Giulena Rosa Leite. A instituição não terá condições de fechar sequer o mês de setembro e todos os recursos que a UFJ consegue captar estão sendo realocados para o custeio administrativo e também para os programas de ações afirmativas para permanência dos estudantes. “É uma situação de muita tristeza. Desta vez, estes cortes afetaram o PNAES (Programa Nacional de Assistência Estudantil) e para que não haja evasão dos nossos alunos em situação de vulnerabilidade social, nós optamos por manter a assistência estudantil como planejado, mas retirando verba do custeio básico da universidade”, lamenta a docente.