Pesquisa com participação da UFG acompanhou também sintomas depressivos e foi publicada no site da OMS

Goianésia – Em um período de quase dois anos após a restrição de atividades devido à pandemia da covid-19, um estudo com contribuição da Universidade Federal de Goiás (UFG), mostrou que o número de participantes com ansiedade e sintomas depressivos diminuiu de 2020 para 2022. Em 2020, 23,2% dos participantes do estudo apresentaram ansiedade e 29,6% apresentavam sintomas depressivos moderados e graves. Em 2022, os dois percentuais foram reduzidos, respectivamente, para 14,8% e 19,3%.

Os dados fazem parte do artigo “Comparison of the levels of depression and anxiety during the first and fourth waves of coronavirus disease-2019 pandemic in Brazil”, que foi divulgado no site da Organização Mundial da Saúde (OMS). Entre os dez pesquisadores, está o professor Claudio Andre Barbosa de Lira, docente do Programa de Pós-graduação em Educação Física da FEFD e do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina da UFG.

A pesquisa propôs analisar os níveis de depressão e ansiedade em relação aos índices de atividade física e restrições de mobilidade entre a primeira onda de contágio em junho de 2020 e a quarta onda em janeiro de 2022 no Brasil. O trabalho foi coordenado pela professora Marília dos Santos Andrade, docente do departamento de fisiologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e contou com colaborações da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e da Universidade de Zurique, na Suíça.

De acordo com o professor Claudio, as restrições sanitárias não interferiram na metodologia aplicada, pois já havia sido previsto que a coleta de dados seria através do Google Formulário. Assim, todo o processo pôde ser feito sem necessitar de um contato direto com as fontes. O questionário autoaplicável conteve perguntas relacionadas às informações pessoais, níveis de restrição de mobilidade, níveis de atividade física e variações de humor dos participantes.

Além disso, o critério de inclusão foi limitado em relação à idade e nacionalidade, apenas maiores de 18 anos e cidadãos brasileiros puderam participar. Desse modo, a primeira fase contou com 1.853 respostas válidas de 26 estados e Distrito Federal. Na segunda, foram analisadas 728 respostas válidas de 21 estados e Distrito Federal. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa em Seres Humanos da Universidade Federal de São Paulo.

No começo da pandemia, vários comitês de universidades e hospitais, inclusive o da UFG, adotaram uma política de dar celeridade à avaliação de projetos relacionados com a pandemia e a covid-19. “Na minha opinião foi uma decisão acertada, porque nós, enquanto comunidade científica, não só brasileira, mas internacional, precisávamos dar uma resposta rápida para a população por conta dessa emergência sanitária”, afirmou Claudio.

Resultados

Apesar da redução, a taxa de ansiedade e depressão ainda permaneceu alta. Para combatê-la, os pesquisadores propuseram a adoção de medidas de incentivo à atividade física e promoção da saúde mental. Entre os indicadores que potencializaram os transtornos depressivos e de ansiedade durante a pandemia da covid-19, de acordo com os pesquisadores, estão: as incertezas em relação ao futuro, preocupações com a saúde, frustração, tédio, crise econômica mundial, redução da renda familiar, turbulência política e diminuição dos níveis de exercício físico.

Outro resultado expressivo diz respeito ao percentual de participantes classificados como muito ativos, pois houve o aumento de 39% em junho de 2020 para 48% em janeiro de 2022. Consequentemente, o nível de atividade física entre os pacientes cresceu de forma significativa entre os dois períodos, o que ocasionou em um resultado positivo na perspectiva de estabilidade mental e controle emocional.

Segundo os pesquisadores, várias hipóteses foram consideradas para explicar as mudanças observadas. Entre elas, está a da distração, a qual entende que a diversificação dos interesses do indivíduo é capaz de melhorar o seu humor durante e após o exercício. Outra suspeita sugere que a atividade física possa ser encarada como algo desafiador, assim, a prática regular de exercícios pode proporcionar melhoras no humor e na autoconfiança.

Uma terceira fase da pesquisa está sendo idealizada para quando for decretado o fim da pandemia, e um novo estudo está em andamento. “Estamos avaliando a prevalência do medo, da ansiedade e depressão em estudantes universitários. É um trabalho longitudinal. A primeira coleta já foi feita, escrita, e vamos submeter esse trabalho em breve”, informou Claudio. Os voluntários ainda estão sendo recrutados e cartazes foram fixados em alguns murais da UFG com grande circulação de alunos.