Entre os resultados observou-se grande aumento do uso do transporte individual e predomínio da circulação na região central e sul da Capital

Goianésia – O deslocamento por transporte individual cresceu de 35% para 59,6% entre 2000 e 2019 na Capital, enquanto o transporte coletivo decaiu de 37,7% para 37,1%. Por outro lado, o transporte por bicicleta aumentou de 4,2% para 12%. Esses são alguns resultados do estudo que a Universidade Federal de Goiás apresentou na manhã do dia 5 de junho, coordenado pela Secretaria Municipal de Planejamento Urbano e Habitação (Seplanh). O estudo "Estimativa da Matriz Origem e destino de Goiânia" teve contribuições da Secretaria Municipal de Mobilidade de Goiânia, Companhia Metropolitana de Transporte Coletivo (CMTC), Secretaria de Tecnologia e Inovação de Goiânia (Sictec) e Redemob. Dividido em cinco momentos, o seminário detalhou como foi realizado o projeto de pesquisa, as séries históricas dos transportes coletivo e individual de passageiros, a pesquisa origem-destino web e a construção da matriz origem-destino.

Encomendado pela Seplanh o estudo foi feito a partir de diversas fontes de dados como internet, bilhetagem do transporte coletivo e também uma pesquisa realizada em 2021 pela internet com usuários do transporte coletivo e individual em Goiânia, contemplando diversos públicos e permitindo ampla estratificação dos dados. A partir dos dados foram realizadas diversas simulações com as matrizes de viagens de origem-destino do transporte coletivo e individual. O seminário detalhou cada uma das etapas do estudo apresentando séries históricas do transporte coletivo e individual dos passageiros.

Os dados da pesquisa foram coletados de março a novembro de 2022. Foram recebidas 9.130 respostas sendo 88,1% de Goiânia e 7,5% de Aparecida de Goiânia, além de participantes de Senador Canedo, Trindade e Goianira. O estudo utilizou o ano de 2019 como base, devido à grande variação dos dados que ocorreu durante a pandemia, mas os dados e projeções mostram que o modelo foi bastante assertivo com relação a retomada da mobilidade no município, na comparação com os dados já disponíveis de 2022.

Com os estudos apresentados, foi possível subsidiar a Prefeitura para a construção do Plano de Mobilidade de Goiânia. Segundo a lei nº 12.576 de 2012 todos os municípios devem construir seus planos. O plano de Goiânia está, segundo informações da Prefeitura, na Casa Civil para avaliação. A UFG entregou além da Matriz Origem-destino encomendada pela Prefeitura, uma série de outros estudos realizados na UFG subsidiados pelos dados produzidos.

Um destaque da pesquisa é justamente o uso de dados eletrônicos para a construção das informações. Segundo um dos pesquisadores, Sidney Screiner, que coordenou também a construção de uma pesquisa no Recife, a coleta de dados ainda é feita de forma muito tradicional na maioria dos municípios. Ele que hoje está trabalhando em Tokyo, mas participou da pesquisa da UFG, conta que lá os dados são coletados normalmente com base na telefonia.

Além de traçar as vias que tendem à saturação devido ao número de carros, o estudo também mostrou as regiões em que há maior deslocamento para o trabalho, para o estudo, por via de transporte individual ou coletivo. Entre os dados percebe-se que o deslocamento para estudo ocorre de forma mais dissipada por toda a cidade, mas para o trabalho concentra-se principalmente na região central e sul da cidade. Nesta região o transporte coletivo é muito utilizado, mas também o individual, o que provoca grande quantidade de congestionamentos nas vias. Por outro lado, as partidas de viagens de transporte coletivo normalmente se originam das periferias da cidade. Para construir esses dados foram analisados blocos de 21 dias de dados de maio e outubro de 2019.