Goianésia – Goiás está entre os dez estados com o maior número de pessoas que se autodeclaram quilombolas. Os dados são inéditos, pois essa é a primeira vez que o Censo inclui perguntas para identificar essas pessoas. O Estado tem mais de 30 mil pessoas que se autodeclaram quilombolas distribuídas em 64 cidades. O dado foi divulgado e se refere ao Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
No Centro-Oeste, o levantamento mostrou que 44.957 pessoas se identificam como quilombolas e Goiás liderou a lista. Cavalcante, na Chapada dos Veadeiros, é a terceira cidade do país com maior proporção de moradores quilombolas e a primeira em Goiás. Lucilene Kalunga, membro do Conselho Quilombola em Cavalcante, destaca a importância da inclusão desta comunidade no Censo. "A gente já tinha noção da nossa existência, da numerosidade de pessoas. É importante que a gente seja visível, principalmente para o poder público, pra criar programas pra atender as nossas demandas. Porque se fizermos um recorte econômico e social, veremos que a maioria dessa população vive em condições precárias. Precisamos de vários tipos de atendimentos e acesso a alguns programas específicos", conta.
Analisando o mesmo quesito, 65 municípios goianos tem ao menos um quilombola por domicílio. Em segundo lugar no quantitativo de domicílios quilombolas aparece Niquelândia, com 962 domicílios. Flores de Goiás, em terceiro lugar, com 913, Minaçu, com 764 ocupa a quarta colocação e Barro Alto aparece na quinta colocação com 563 domicílios quilombolas.
Roseli Maria, presidente da Associação Quilombola Thomaz Cardoso, que atende essas comunidades em Goianésia, Barro Alto e Santa Rita do Novo Destino, frisa que agora as necessidades dessas populações vão estar evidentes devido aos dados do Censo. "Estamos muito felizes, pois pela primeira vez na história do Censo, nós, quilombola,s fomos identificados e isso é um grande marco pra nossa história, pois somos parte da construção da nação brasileira. E eu creio que com isso a gente vai ter mais visibilidade na saúde, educação na assistência social, em todas as áreas", avalia. A associação tem 145 famílias cadastradas e destas 45 conseguiram a demarcação da terra entre Barro Alto e Santa Rita.
Ao todo, o senso mostrou que o Brasil tem 1,3 milhão de pessoas que se autodeclaram quilombolas. Adelina Borges, membro do conselho diretor da Associação Quilombola de nossa região, ainda frisa que os direitos constitucionais destas comunidades agora vão ser reivindicados com dados de uma pesquisa reconhecida nacionalmente. "Foi um avanço a inclusão dos quilombolas no Censo, pois servirá para garantir políticas públicas e apoio à agricultura quilombola. Então eu vejo que foi muito importante mesmo a inclusão dos quilombolas no Censo", resume.
Segundo o IBGE, o levantamento mostrou informações básicas que eram desconhecidas sobre o total de pessoas desse grupo étnico em diferentes níveis geográficos e recortes territoriais. Quase 90% dos quilombolas não moram nas 494 áreas oficialmente delimitadas para essa população.
