Dr. Luciano Leão foi gerente por oito anos da Central de Transplante de Órgãos de Goiás

Goianésia – O ex-presidente da Câmara Municipal de Goianésia e qe foi gerente por oito anos da Central de Transplante de Órgãos da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Dr. Luciano Leão, concedeu entrevista à RVC FM em que esclareceu como funciona a doação de órgãos no Brasil.

"O Sistema Nacional de Transplantes faz parte do Sistema Único de Saúde (SUS) que é o maior sistema público de saúde do mundo e consequentemente o nosso sistema de transplantes é o que mais realiza transplantes por um sistema público no mundo", relata.

"Nenhum transplante é realizado que não seja sob acompanhamento rigoroso do Sistema Nacional de Transplantes e atendendo os princípios basilares do SUS: equidade, integralidade e universalidade. Vivenciamos no Brasil um fila que tem hoje mais de 65 mil pessoas aguardando por transplantes e as doações não atendem nem metade dessas necessidade, o que faz com que a fila aumente ano a ano devido à baixa quantidade de doações", conta o médico.

Segundo Leão, para que as doações aconteçam, é preciso que as pessoas se conscientizem que, se não houver doações, as pessoas vão morrer aguardando um transplante. Ele espera que o caso do apresentador Fausto Silva, que recebeu um coração neste domingo (27/08) em São Paulo, ajude a aumentar a conscientização e a sensibilizar a população da importância de doar órgãos.

"Não pode houver doação sem autorização familiar. A família precisa saber se aquela pessoa era ou não doadora. As pessoas precisam dizer aos seus familiares: eu sou doador", diz Leão.

O recolhimento dos órgãos para transplante é feito após a constatação de morte encefálica de uma pessoa. "Morte encefálica significa morte: os órgãos estão batendo à base de drogas. Isso é protocolo mundial. Nesse momento é feito a entrevista familiar e as pessoas devem estar conscientes que morte encefálica é irreversível", orienta Leão.

O médico ressalta que apenas uma pessoa pode salvar diversas vidas doando seus órgãos: além de ter dois rins, o fígado pode ser divido, às vezes, em até três partes; as duas córneas; pâncreas; coração; a pele e até os ossos podem ser aproveitados.

Além disso, todo o processo é acelerado e precisa ocorrer com muita rapidez: "cada órgão tem um prazo de vida. Um coração, por exemplo, precisa ser retirado e transplantado em até quatro horas. As regras são muito rigorosas", explica.

Ele ressalta que a fila para receber um órgão é única, nacional e rigorosa, baseada em diversos requisitos. "Para que haja um transplante, a pessoa é inscrita na fila nacional. Eu aqui em Goiás posso concorrer a um órgão coletado no Rio Grande do Sul. Os critérios para seleção são principalmente a compatibilidade e o problema que gerou a necessidade do transplante. Os critérios são tão rigorosos que se você tiver duas pessoas que empataram em todos, receberá o mais jovem, por ter maiores chances de sobrevida", explica.