A importância da prevenção e do diagnóstico precoce

Goianésia - Os casos de sífilis no Brasil tiveram um aumento significativo em todas as faixas etárias e sexos no período pós-pandemia. Antes disso, os novos diagnósticos estavam em crescimento até 2018, com uma estabilização em 2019 e uma queda em 2020, primeiro ano da pandemia. Agora, o cenário mudou novamente, com os diagnósticos voltando a crescer.

Em 2023, foram registrados 167.523 casos de sífilis adquirida (em adultos) e 74.095 casos em gestantes. Esses números representam uma taxa de 78,5 casos a cada 100 mil habitantes para sífilis adquirida e 27,1 casos a cada 1.000 nascidos vivos para sífilis em gestantes.

O ginecologista e obstetra Leonardo Gebrim explica como ocorre o desenvolvimento da doença: “A sífilis tem três fases distintas. A primeira, chamada de sífilis primária, é marcada pelo aparecimento de uma ferida indolor, geralmente na região genital. Na segunda fase, conhecida como sífilis secundária, podem surgir manchas na pele, febre e dores no corpo. Se não tratada, a doença pode progredir para a sífilis terciária, que pode afetar órgãos como o coração e o cérebro. É crucial que as pessoas se submetam a testes regulares, especialmente aqueles com múltiplos parceiros sexuais. O diagnóstico precoce é fundamental para evitar complicações mais graves.”

Ele destaca ainda os perigos da sífilis durante a gravidez: “A infecção pode ser devastadora para o bebê. A sífilis congênita pode causar aborto, parto prematuro, baixo peso ao nascer e até morte neonatal. As gestantes precisam realizar exames pré-natais completos e, se necessário, iniciar o tratamento o quanto antes para garantir a saúde tanto delas quanto dos bebês.”

Além disso, foram registrados 27.019 casos de sífilis congênita, que ocorre pela transmissão da mãe para o bebê durante a gestação. Isso equivale a uma taxa de 9,9 casos a cada 1.000 nascidos vivos, com 192 óbitos no mesmo ano. Para comparação, em 2020, essa taxa era de 8,5.

O especialista destaca ainda a importância de cuidados durante as relações sexuais para evitar o contágio da doença: “O uso de preservativos é uma das melhores formas de prevenção. Além disso, é essencial que as gestantes realizem exames pré-natais completos, garantindo a saúde do bebê e evitando a transmissão.”

No primeiro semestre de 2022, mais de 122 mil novos casos da doença foram registrados, sendo 79,5 mil de sífilis adquirida, 31 mil em gestantes e 12 mil de sífilis congênita. Os dados são do boletim epidemiológico do Ministério da Saúde, que compilou as notificações de sífilis no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan).