Evento na Vila de São Jorge rola entre os dias 15 e 17 de abril

Goianésia – De 15 a 17 de abril, sexta a domingo, a Vila de São Jorge, porta de entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros, será palco para uma efusão de manifestações literárias nacionais, originárias de diversas partes do país. O projeto é uma extensão do Encontro de Culturas Tradicionais da Chapada dos Veadeiros, que já acontece há 22 anos, e esta será sua primeira edição. É realizado pela Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, financiado pelo Fundo de Arte e Cultura de Goiás (da Secretaria de Cultura de Goiás), e terá mesas literárias, feira de livros, contação de histórias, saraus, show, espetáculo, oficinas, doações de livros e intervenções artísticas.

Segundo seus realizadores, a intenção desta diversificação do Encontro de Culturas Tradicionais é justamente promover ainda mais transformações sociais e culturais, além daquelas já percebidas ao longo de mais de duas décadas de trabalho, agora por meio da difusão e democratização do acesso ao livro e à leitura. “O Encontro de Culturas Literário começa com uma conversa sobre a romaria do Muquém, que acontece ao nosso lado, retratada no livro ‘O Ermitão do Muquém’, de Bernardo Guimarães”, conta Juliano George Basso, coordenador geral do evento. “O primeiro livro considerado regionalista no Brasil, essa linha da literatura que faz nos reconhecermos dentro das histórias, nos inspirarmos com as comunidades tradicionais com as quais trabalhamos nos projetos da Casa de Cultura. Vamos mostrar as muitas obras em que os povos dos sertões do Brasil são os protagonistas de suas próprias histórias. Com eles vivemos e buscamos o processo decolonial do Brasil, para algum dia o Brasil ser o que realmente é”.

Diversidade e ancestralidade na seleção de 10 autores brasileiros

Em edital lançado anteriormente, dez escritores foram selecionados para participar da programação do Encontro de Culturas Literário. Eles participam das mesas literárias e alguns também oferecem oficinas à comunidade. As categorias criadas pelos organizadores do evento garantiram a participação de autores representativos de um Brasil profundo e da escrita das periferias.

Desta forma, estarão em São Jorge autoras e autores de diversas partes do país. São elas e eles: Tiago Hakiy (AM) e Julie Dorrico (RO), como autores indígenas; Ana Mumbuca (TO) e Josias Marinho (RR), como autores quilombolas; Juliana do Nascimento (RJ) e Maria Elisabete Pacheco (CE), como contadoras de histórias; Julie Oliveira (CE) e Rouxinol do Rinaré (CE), como cordelistas; e Adiel Luna (PE) e Michel Yakini-Iman (SP), com escritores populares/regionalistas. A seleção foi feita por dois curadores: Larissa Mundim, escritora, editora, livreira e jornalista, e Paulo José da Silva, escritor e jornalista, editor dos livros "A história dos garimpos de cristal da Chapada dos Veadeiros", de José Raimundo de Oliveira, e "Minhas aventuras na Chapada dos Veadeiros", de Domingos Soares de Farias.

Mesas Literárias

Ao longo dos três dias de evento, os autores e autoras selecionados pela curadoria farão parte das mesas literárias temáticas, que acontecem na Casa de Cultura Cavaleiro de Jorge, com a mediação de Augusto Niemar, escritor e professor de Literatura da UnB. O objetivo destes diálogos é propor caminhos para formação de leitores e de novos criadores, além de tratar sobre a forma como cada escritor elabora sua arte.

A primeira mesa será na sexta-feira (15), das 15h às 17h, com Adiel Luna, de Pernambuco, e Michel Yakini-Iman, de São Paulo. O tema será “Literatura regionalista e popular brasileira: heranças e margens em letra e voz”. Na sequência, das 17h às 19h, será a vez da mesa “Literatura de Cordel: leitura e educação em ativismo e feminismo”, com Rouxinol do Rinaré e Julie Oliveira, ambos do Ceará.

No sábado (16), acontecem as mesas 3 e 4, nos mesmos horários do dia anterior. A primeira, às 15h, será com os autores indígenas, com o tema “Pertencimento e ancestralidade – culturas e narrativas poéticas”, com Tiago Hakyi, do Amazonas, e Julie Dorrico, de Rondônia. Em seguida, às 17h, é a vez dos autores quilombolas. Esta mesa tem o tema “Corpos negros em confluências – vozes e ilustrações”. Os escritores desse diálogo serão Josias Marinho, de Roraima, e Ana Mumbuca, do Tocantins.

No domingo (17), acontecem as duas mesas finais. Às 15h, entram em cena as contadoras de histórias falando sobre “leitura e educação em ativismo e feminismo”. São elas a escritora Maria Elisabete Pacheco Almeida, do Ceará, e Juliana do Nascimento Correia, do Rio de Janeiro. Por fim, às 17h, a mesa 6 será uma grande roda de conversa sobre a literatura goiana e a literatura na Chapada dos Veadeiros. Participarão desta mesa vários autores goianos, com mediação da escritora Sinvaline Pinheiro, de Uruaçu (GO).